João Massarolo
Cineasta, Doutor em Cinema pela Universidade de São Paulo, Professor Associado da UFSCar; Bolsista de Produtividade do CNPq/Brasil, Coordenador do GEMInIS; Editor da Revista GEMInIS. Diretor e roteirista de vários filmes: São Carlos / 68 e O Quintal dos Guerrilheiros (2005). Publicou: Hashtags em curadorias transmídia para festivais de cinema e a experiência do MixBrasil, 2022 (Fisher, A.; Massarolo, J.C); Aruanas: inovação e criatividade em tempos de pandemia de Covid-19. (Org.) 2021; Criação e desenvolvimento de personagens em multiplataformas, 2020 (Nesteriuk, S.; Massarolo, J.C.), entre outros.
Email: massarolo@terra.com.br
Desafios do letramento transmídia no ambiente de plataformização da sociedade
Os processos de plataformização da sociedade impulsionaram a oferta de serviços do streaming, estimulando o crescimento acelerado da indústria audiovisual, com efeitos negativos sobre o meio ambiente, tornando necessária a adoção de práticas sustentáveis para evitar consequências climáticas devastadoras. No entanto, a produção audiovisual sustentável não despertou o interesse acadêmico e os estudos que abordam essas práticas são raros. Muitas pesquisas costumam fazer críticas às mudanças climáticas e as questões ambientais, mas a indústria audiovisual permanece alheia ao impacto causado pelo próprio setor. Neste contexto, o letramento transmidia poderá promover mudanças de paradigma no ensino audiovisual, com a incorporação da educação socioambiental e o desenvolvimento de habilidades de jovens produtores de conteúdo na construção de indicadores sustentáveis para a ‘filmagem verde’ (green shooting).
Bibliografia
BORGES, G. Et al. Competência Midiática em Oficinas de Audiovisual: Análise Da Experiencia Do Núcleo Mediar. INTERCOM, Curitiba: UFPR, 2017.
BLAS BLAS J. Sellos y códigos de buenas prácticas sostenibles en la industria audiovisual. Um acercamiento al estado de la cuestión. HUMAN Review. 2022. Disponível em: https://journals.eagora.org/verHUMAN.
LOPERA, M. & JIMENEZ, M. Green Shooting: Media Sustainability, A New Trend. Revista Sustainability. 2021.Disponível: https://www.mdpi.com/2071-1050/13/6/3001 A.
María Amor Pérez Rodríguez
Catedrática da Universidade de Huelva. Membro do Grupo de Investigação Ágora, da Rede ALFAMED e do grupo Comunicar. Editora adjunta da revista científica «Comunicar, y Advisory Board da revista «Heliyon». Investigadora em projetos nacionais e internacionais de I+D+i, suas investigações e publicações se centram no desenvolvimento da competência mediática, media literacy, as novas narrativas no contexto digital e sua integração curricular.
Email: amor@uhu.es
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8312-5412
Competência mediática para a cidadania no contexto digital. Investigação sobre Instagramers e Youtubers
A relevância e influência das práticas comunicativas nas redes sociais, na sociedade atual, nos levou a analisar os modos de comunicação, a inovação, a difusão e a participação de Youtubers e Instagrammers, com o objetivo de determinar as prioridades educomunicativas para a implementação de iniciativas e estratégias de formação. O YouTube e o Instagram são estudados em termos de usos e acesso, em diferentes âmbitos da cidadania como, por exemplo, educação, famílias, criadores de conteúdo e coletivos sociais e/ou em risco de exclusão social, atendendo ao impacto destas plataformas sobre contextos y âmbitos cotidianos plurais e diversos. Conclui-se que a alfabetização mediática é necessária para o desenvolvimento da competência mediática requerida no ambiente digital, como um fator humano fundamental para a construção de uma cidadania crítica e equitativamente participativa.
Marco Solaroli
Professor Associado de Sociologia Cultural e Comunicação no Departamento de Artes da Universidade de Bolonha. Estudou na Universidade de Bolonha, na Universidade de Milão e na Universidade da Pensilvânia, tendo sido Investigador Fulbright na Universidade de Nova Iorque. Os seus interesses de investigação consistem na intersecção da sociologia cultural, dos estudos culturais e dos estudos da cultura visual. Mais recentemente, co-editou a edição especial da revista italiana de Estudos Culturais “Studi Culturali” (1/2022) intitulada “Cultural Studies Today: Identities, Intersections, Challenges”, e co-organizou a Conferência Internacional “What’s Happening to Cultural Studies?”(Universidade de Brighton, 2022).
Estudos culturais e Cidadania visual
Esta comunicação aborda a relevância histórica e o valor contemporâneo dos estudos culturais para a análise da cultura visual. Argumenta que uma precursora sensibilidade visual esteve na base dos projetos de estudos culturais desde o seu início. Tal trajetória intelectual foi vista como secundária no campo académico cada vez mais institucionalizado dos estudos da cultura visual. No entanto, os estudos culturais oferecem perspetivas férteis para desenvolver interpretações críticas de questões de identidade visual, política e poder na conjuntura contemporânea. Com este fundamento, esta comunicação centrar-se-á nas recentes lutas simbólicas em torno da representação mediática e da (in)visibilidade pública, centrando-se em três estudos de caso envolvendo figuras-chave da política italiana, da fotografia e da música popular.
Ana Cristina Mendes
Ana Cristina Mendes é Professora Associada no Departamento de Estudos Anglísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. As suas áreas de especialização são os estudos culturais, estudos pós-coloniais, estudos de adaptação e cultura visual, com destaque para as dimensões pós-coloniais do vitorianismo e do neovitorianismo. É Presidente da ACS-Association for Cultural Studies (2022-2026).
Descolonizar na Semiperiferia: O Caso dos Estudos Anglísticos
Descolonizar currículos em universidades europeias, instituições de ensino superior construídas sobre pressupostos de universalismo epistémico, é uma tarefa multifacetada e desafiadora. O projeto-prática de descolonização epistémica é especialmente complexo na sala de aula, requerendo um exame crítico, autorreflexivo, do conhecimento que produzimos e ensinamos, das condições em que temos acesso ao conhecimento e das formas como o compartilhamos com os outros. Com base na investigação publicada no livro Decolonising English Studies from the Semi-periphery (Palgrave, 2023), esta intervenção começará por refletir sobre o nosso lugar de enunciação teórica, à luz dos contributos teóricos decoloniais de Walter Mignolo e Ramón Grosfoguel. Seguir-se-á um levantamento sucinto das origens históricas e políticas da ideia de descolonizar a universidade até à sua manifestação mais visível no movimento de protesto Rhodes Must Fall na Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, em 2015, e as ramificações deste movimento em várias universidades anglófonas. Partindo do pressuposto de que os contextos geopolíticos específicos devem ser considerados na resposta aos apelos globais para descolonizar a universidade, esta apresentação ressaltará a perspetiva crítica única que advém de investigar e ensinar Estudos Anglísticos em Portugal, um país do sul da Europa que ocupa uma posição semiperiférica no sistema-mundo.
Ignacio Aguaded
Professor Catedrático do Departamento de Educação da Universidade de Huelva (Espanha). Presidente do Grupo Comunicar, coletivo veterano na Espanha em Educomunicação, e Editor-Chefe da renomada revista científica ‘Comunicar’ (indexada no JCR-Q1, Scopus-Q1, top 1% mundial…). É Investigador Principal (PI) do Grupo de Pesquisa ‘Ágora’, com múltiplas investigações nacionais e internacionais. Orientou centenas de trabalhos de pesquisa e 45 teses de doutorado. É Diretor do Mestrado Internacional Interuniversitário em Comunicação e Educação Audiovisual (UNIA/UHU) e Coordenador do Programa Interuniversitário de Doutorado em Comunicação (EUA, UMA, UCA e UHU). Presidente-fundador da Rede Euro-Americana de Investigação em competência Mediática para a Cidadania ‘Alfamed’, formada por 19 países. Prêmio de Melhor Pesquisador da Universidade de Huelva 2015 e Prêmio Ibero-Americano de Comunicação (ASICOM). Foi Vice-Reitor de Tecnologias, Inovação e Qualidade da Universidade de Huelva por mais de 7 anos.
Email: aguaded@uhu.es
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0229-1118
Revistas de Estudos Culturais de excelência no mundo. ‘Comunicar’ como modelo
A excelência da investigação na área dos Estudos Culturais está directamente ligada à publicação em revistas de qualidade nesta área nas bases de dados mais importantes a nível mundial: Web of Science e Scopus. Esta última indexação tem um campo específico de Estudos Culturais confirmado por 1.200 revistas de todo o mundo, sobre uma grande variedade de temas. Identificá-las e consultá-las é uma tarefa básica para qualquer investigador na área, não só para lê-las, mas também para rever e candidatar-se à publicação.
Moisés de Lemos Martins
Moisés de Lemos Martins foi Professor Catedrático na Universidade do Minho durante décadas. Actualmente é Professor na Universidade Lusófona, no Centro Universitário do Porto, onde é Director da Faculdade de Comunicação, Arquitectura, Artes e Tecnologias da Informação. Foi na Universidade do Minho o director do Centro de Investigação em Comunicação e Sociedade, que fundou em 2001. Na Universidade foi também fundador e antigo editor das revistas Comunicação e Sociedade, Lusophone Journal of Cultural Studies, e Vista. É doutorado pela Universidade de Estrasburgo em Ciências Sociais (Sociologia).
Publicou na área de Sociologia da Cultura, Semiótica Social, Sociologia de Comunicação, Semiótica Visual, Comunicação Intercultural, Políticas Científicas, e Estudos Lusófonos. Dirigiu durante dez anos o Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. Foi presidente da Sopcom – Associação Portuguesa de Comunicação Ciências, de 2005 a 2015; Lusocom – Federação das Associações Lusófonas de Ciências da Comunicação, de 2011 a 2015; e Confibercom – Ibero-American Confederação das Associações de Comunicação Científica e Académica, de 2012 a 2015.
Entre as suas principais publicações encontram-se: Pensar Portugal – A Modernidade de um País Antigo [To Think Portugal: The Modernity of a Ancient Country], 2021; Crise no Castelo da Cultura – Das Estrelas para os Ecrãs]; A Linguagem, a Verdade e o Poder – Ensaio de Semiótica Social, 2017, 2011; Para uma Inversa Navegação – O Discurso da Identidade, 1996; O Olho de Deus no Discurso Salazarista, 2016, 1990; Lusofonia e Interculturalidade – Promessa e Travessia, 2015; em co-autoria com Pedro Andrade, Handbook of Research on Urban Tourism, Viral Society, and the Impact of the COVID-19 Pandemic. EUA: IGI Global, 2022; e com Michel Maffesoli, L' Imaginaire des Médias, Sociétes, n. 111 (Paris, Sorbonne), 2011. Em 2016, a Universidade do Minho atribuiu-lhe o Prémio de Mérito Científico, e em 2021, a Universidade de Santiago de Compostela, a Insígnia de Ouro.
Email: moiseslmartins@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4550-0562
Política científica e línguas de ciência
A minha proposta interroga a política científica no seu cruzamento com a lusofonia, ou seja, com um sonho de cooperação académica que tenha a língua portuguesa como seu suporte. Um tal sonho compreende uma comunidade de culturas, de pensamento e de conhecimento. E o que, especificamente, me proponho debater aqui é a língua portuguesa como língua de ciência. O exercício a que me entrego estende-se pelos últimos 15 anos da política científica em Portugal, um intervalo de tempo que atravessa vários governos constitucionais, uns de centro direita, outros de centro esquerda. Faço-o a partir de estudos de caso, que por um lado escrutinam avaliações feitas pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) a centros de investigação de Ciências Sociais e Humanas, e que, por outro lado, analisam os recorrentes concursos da FCT para “projetos de investigação em todas as áreas científicas”.
Maria Manuel Baptista
Professora Catedrática no Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, com Agregação em Estudos Culturais, pela Universidade do Minho (2013). Nestes 5 últimos anos tem-se dedicado à internacionalização do campo dos Estudos Culturais a partir de Portugal, fundando, em 2020, a Rede Internacional em Estudos Culturais (RIEC) e da Rede Nacional em Estudos Culturais (RNEC), das quais é Presidente e representa a Universidade de Aveiro como instituição fundadora. É Presidente da IRENNE – Associação de Investigação, Prevenção e Combate à Violência e Exclusão. É coordenadora do Centro de Línguas, Literaturas e Culturas (CLLC) da Universidade de Aveiro. Tem-se debruçado, com especial ênfase e produtividade, sobre questões que, no cerne dos Estudos Culturais, acionam campos teóricos como os Estudos de Género, Decoloniais, Pós-colonialismo e o Turismo.
Estudos Culturais em Portugal: encruzilhadas e labirintos
Na presente comunicação procurarei traçar a ‘pré-história’ dos Estudos Culturais em Portugal e, a partir dos anos 2000 discutir as diferenças entre Cultura, Ciências da Cultura, Estudos da Cultura e Estudos Culturais. Debruçar-me-ei, em particular, sobre o modo como o ensino superior português tem, já no século XXI, feito opções teóricas, epistemológicas e metodológicas em torno deste campo do conhecimento, discutindo quais os ‘labirintos’ que tem percorrido e as encruzilhadas em que se encontra no momento presente.